22/06/2011

Feriado de Corpus Christi

AVISO!

Devido ao feriado de Corpus Christi, dia 24 de junho a
Biblioteca Municipal estará fechada.
Retornaremos às nossas atividades normais
dia 27 de junho, segunda-feira.

Bom feriado para todos (as)!


17/06/2011

Olhem nos olhos das bibliotecárias

Fonte: Estadão

Por Ignácio de Loyola Brandão - O Estado de S.Paulo - 17/06/2011
 
Apanhei o minissanduíche triangular de pão branco, macio, recheado com duas fatias, uma de queijo prato, outra de presunto, coloquei na boca. 
Desapareceram as centenas de bibliotecárias, emudeceu o som, sumiram os garçons que ocupavam o hall do Masp, apagou-se o coquetel e me vi no trem da Companhia Paulista com minha mãe desamarrando as pontas do guardanapo levemente úmido e tirando o lanche que tanto esperávamos, meu irmão Luis e eu. Farnel feito com capricho. Cada sanduíche envolto em papel impermeável que conservava o frescor do pão.
Não existia papel de alumínio, o mundo era rudimentar e a indústria brasileira, incipiente. Um dia alguém há de escrever sobre como evoluímos nas pequenas coisas que nos trouxeram conforto. Na noite anterior, meu pai tinha chegado com o queijo, o presunto e o pão encomendado havia uma semana na padaria do Lima.
Não existia pão de forma industrializado nem supermercados, encomendava-se nas padarias. Minha mãe limpava a mesa, colocava a toalha e preparava os sanduíches, pronta a segurar a mim e ao Luis, já que queríamos filar sorrateiramente uma fatia de presunto ou queijo. Era tudo contado. Gente remediada comia presunto somente em viagem ou quando adoecia.
Aqueles momentos voltaram durante o coquetel servido no Masp, após a homenagem do Conselho Regional de Biblioteconomia a algumas pessoas que contribuíram para este mundo essencial na cultura de qualquer país, as bibliotecas. Apanhei o meu prêmio que leva o nome de Laura Russo, a mulher que conseguiu a regulamentação da profissão em 1962 e foi diretora da Mário de Andrade, biblioteca ícone em São Paulo.
Na hora de agradecer, cada um tinha dois minutos, igual ao Oscar, mas, igual ao Oscar, cada um falou quanto quis, uns menos, outros mais. Lembrei as minhas bibliotecas. A primeira, a do meu pai, sempre por mim celebrada, enorme para a época, tratando-se de um ferroviário. Nela, líamos juntos, ele e eu. A segunda, a da escola de Lourdes Prada, em Araraquara, onde fui apresentado à clássica Coleção de Contos de Fadas do Mundo, da Editora Vecchi, abrindo meu mundo.
Uma vizinha, Odete Malkomes, possuía O Tesouro da Juventude completo, mantido em uma estante fechada. Odete agia como uma espécie de bibliotecária, emprestava um volume por vez, verificava as condições do retorno, se o livro estava limpo, sem manchas, sem páginas arrancadas. Uma parente, Maria do Carmo Mendonça, tinha toda a Coleção Infantil Melhoramentos (adoraria rever aquele conjunto deslumbrante de cem livros), cujo número 1 foi O Patinho Feio.
Maria do Carmo também era meio bibliotecária, emprestava, marcava o que emprestava, vigiava, pedia de volta numa data estipulada, sob pena de nunca mais emprestar, ameaça que me fazia tremer. Com ela aprendi a ler no prazo.
Não me esqueci de Marcelo Manaia, que regeu a Mário de Andrade de Araraquara (lá também tem uma) por anos. Quando ele chegou, havia uma norma moralista que determinava: os livros "fortes" deviam ficar trancados, emprestados somente a maiores de idade. Entre os "fortes" estavam Jorge Amado e Pittigrilli.
Pois Marcelo, filho de um italiano consertador de sanfonas, simples, intuitivo, espírito aberto, assumiu e liberou geral, entregava Jorge Amado às moçoilas e até indicava as páginas em que havia cenas picantes. Gerações inteiras leram todos os livros legíveis que ali existiam. Livros ilegíveis? Sim! Quem ia ler a coleção da Revista dos Tribunais, imensa, em "jurídiquês" hermético?
Bibliotecas têm um cheiro especial, atmosfera própria, uma luz particular. Quanto às bibliotecárias, identifico-as pelo olhar. Olhem nos olhos delas, logo verão se gostam do que fazem. Elas têm viço, como se dizia. Levam uma chama nos olhos quando estão entre livros.
Circulam pelos corredores entre estantes de modo desenvolto, em passos leves de dança. Por menor que seja a biblioteca pública, elas têm orgulho do que fazem, conhecem o papel que desempenham. Pena que ganhem tão pouco, lutem tanto para manter a dignidade e o sustento. Maria Cristina Barbosa de Almeida, agora à frente da Mário de Andrade de São Paulo - restaurada, refeita, revitalizada -, disse bem sobre a penúria das funcionárias, das gratificações que chegam atrasadas e em parcelas.
Ela sintetizou a vida de bibliotecárias, que trabalham por amor aos livros, às literaturas e por nós, autores. Diante de uma bibliotecária devíamos nos curvar em reverência.
Biblioteca, ah, bibliotecas. Encerrei semana passada em Itapeva um circuito de seis cidades, nas quais falei sobre as bibliotecas públicas. Passei por Itanhaém, Eldorado, Ilha Comprida, Cananeia, Apiaí, Itapeva. Plateias maiores e menores, no meio de livros, envolvidos pelo cheiro de papel velho e papel novo, nos reuníamos em conversas informais, mostrando que literatura é prazer, não uma coisa inacessível, como querem os acadêmicos.
A Viagem Literária que fiz pela terceira vez é o programa que leva escritores para 70 cidades paulistas, num total de 350 eventos, com muitas falas, perguntas, fotos em celulares, cafezinhos, sucos, bolos, biscoitos e broas de milho feitas muitas vezes pelas próprias bibliotecárias. Ao voltar, a caminho de São Paulo, vim me lembrando de uma viagem, no tempo em que a TIM levava autores pelo interior de vários Estados.
Programa que acabou, uma pena. Certa vez, em Monte Carmelo, Minas Gerais, ao visitar a biblioteca na hora do almoço, encontrei-a sob os cuidados de uma faxineira, que nada sabia da localização dos livros, de autores ou de quantos volumes havia. Fiquei desanimado, pô, uma faxineira? Que descaso! Arrependi-me de meu preconceito ao conversar com ela:
- E a senhora gosta da biblioteca?
- Adoro esta hora. Todo mundo sai para comer, fico sozinha, quietinha, não preciso lavar banheiros e salas. Apanho um livro, outro, acostumei a ler. É gostoso, saio voando, esqueço o mundo. Que nunca percebam que leio os livros, se não me tiram daqui.
Não, não tirariam, o mundo não é ruim assim.

Hábito da leitura cresce entre crianças e jovens brasileiros


Por Alana Gandra- 08/06/2011


Rio de Janeiro - A criança e o adolescente brasileiros estão lendo mais. Esse foi o diagnóstico traçado no 2º Encontro Nacional do Varejo do Livro Infantil e Juvenil, realizado dentro do 13ª Salão Nacional do Livro Infantil e Juvenil, no Rio de Janeiro.

De acordo com pesquisa divulgada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), do total de 12 mil títulos novos lançados no país em 2010, cerca de 2,5 mil foram direcionados a crianças e adolescentes. “A própria produção é uma comprovação de que as nossas crianças e jovens estão lendo mais”, afirmou à Agência Brasil a diretora da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), Ísis Valéria Gomes.

O presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Ednilson Xavier, disse que a parte destinada à literatura infantojuvenil já representa cerca de 15% do faturamento das lojas. Levantamento feito em 455 livrarias de todo país mostra que as vendas do setor cresceram 9,6% em 2010 em relação ao ano anterior, refletindo a expansão da economia nacional. Ele ressaltou que a área infantojuvenil lidera o ranking em termos de crescimento de vendas no ano passado.

Para Xavier, a tendência é que o hábito da leitura do público infantojuvenil seja crescente. “Não tenha dúvida. Há, nesse aspecto, a constatação do mercado editorial de que os livros nessa área, a cada ano, se tornam mais atrativos”. A ANL está elaborando pesquisa sobre o livro no orçamento familiar, que será divulgada em agosto, durante a 21ª Convenção Nacional das Livrarias.

Na opinião de Ísis Valéria Gomes, o hábito da leitura é fundamental não só para ampliar o conhecimento mas, inclusive, para a formação da cidadania. “A criança que começa a ler desde pequena segue lendo depois. Não existe postura cidadã sem que você seja um leitor”.

Segundo ela, a criança e o jovem brasileiros são penalizados em função do analfabetismo funcional, que exclui as pessoas do conhecimento. “Mas, entre as crianças que leem, a leitura vem aumentando muito. E o consumo [de livros] também, inclusive entre os adolescentes”.

Durante o encontro, foi apresentada a experiência da primeira livraria virtual para livros digitais no país, a Gato Sabido, cuja média é de dez mil a 15 mil acessos diários para consultas. A diretora da FLNIJ observou que o governo federal já desonerou impostos sobre os livros eletrônicos (e-book). Avaliou, porém, que para que o livro digital chegue às camadas da população de menor poder aquisitivo são necessárias novas ações, uma vez que esses livros são ainda muito caros, custam cerca de R$ 1,8 mil.

Ela disse, também, que é preciso garantir a qualidade dos textos impressos oferecidos ao público infantojuvenil. “Isso é alguma coisa que precisa ser vigiada, do ponto de vista de se oferecer coisa boa aos adolescentes e às crianças”. A experiência da Fundação German Sanchez Ruiperez, de Salamanca, na Espanha, foi apresentada durante o encontro nacional de livreiros. A instituição aposta na alfabetização digital para crianças a partir de cinco anos de idade, onde os menores convivem com o aprendizado simultâneo no computador e no livro impresso.

O 13º Salão Nacional do Livro Infantil e Juvenil é promovido pela FNLIJ e vai até o dia 17 deste mês.

16/06/2011

Biblioteca Pública homenageia o escritor James Joyce

Fonte: ES Hoje Beta
Por Redação Multimídia ES Hoje (redacao@eshoje.com.br).


A Biblioteca Pública Estadual Levy Cúrcio da Rocha (BPES), localizada na Praia do Suá, Vitória, realiza nesta quinta-feira (16), às 18h30, o Bloomsday, data comemorada na Irlanda em homenagem ao livro "Ulisses", de James Joyce, considerado um marco na literatura mundial. A entrada é franca.
O tributo à obra "Ulisses" será apresentado por Wilson Coêlho, dramaturgo e escritor, fundador do "Grupo Tarahumaras". Dois integrantes desse grupo participam da leitura da obra "Ulisses": Berenice Pahins, atriz; e Marcos de Castro, poeta. O evento termina com uma palestra com Gilbert Chaudanne, escritor e pintor.
A data festejada em vários lugares do mundo recebe o nome Bloomsday porque o personagem principal do livro se chama Leopold Bloom. A obra trata dos acontecimentos vividos por ele, durante 16 horas, no dia 16 de junho de 1904 pelas dezenove ruas da cidade de Dublin.
Além da comemoração ao Bloomsday, a Biblioteca Pública homenageará durante todo o mês de junho o escritor James Joyce, com uma exposição de livros referentes à vida e a obra do autor, biografias, depoimentos pessoais, como o do irmão Stanislaus, e estudos de alta qualidade acadêmica.
Serviço
Bloomsday: homenagem ao livro Ulisses, de James Joyce.
Data: quinta-feira (16)
Horário: 18h30
Palestrantes: Gilbert Chaudanne e Wilson Coêlho.
Exposição "A vida e a obra de James Joyce"
Visitação: até 30 de junho
Das 8 às 19 horas
Entrada Franca
Biblioteca Pública do Espírito Santo
Av. João Batista Parra, 165 - Vitória
Telefone - (27) 3137 9349.
E-mail - sebp@secult.es.gov.br

14/06/2011

Paixão pela leitura que virou profissão de fé

  
Otávio Júnior se apaixonou pelos livros ao achar exemplar no lixo, aos 8 anos, no Morro do Alemão, no Rio

Era uma vez um menino da favela do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, de 8 anos, que achou um livro no lixo. Ele levou esse tesouro, um conto espanhol chamado "Dom Gatóm", para casa. Leu na noite do dia seguinte, à luz de velas, porque tinha acabado a eletricidade no barraco. A partir de então, o mundo paralelo do morro ficou pequeno para ele.

"Sei, por experiência própria, que as crianças daqui têm uma visão muito estreita do mundo. Quase não saem da favela. Tudo é perto. A escola, a igreja, o campo de futebol, o mercadinho, as ONGs. Muitas nem conhecem a praia. Ficam presas aqui dentro. Foi a leitura que me libertou dessa prisão", escreveu Otávio Júnior, hoje com 27 anos, em seu primeiro livro, o ótimo "O Livreiro do Alemão" (Panda Books, 2011).


Voraz, ele passou a pedir obras emprestadas aos vizinhos. Leu tudo o que lhe caiu nas mãos, de Monteiro Lobato a um "Manual do Proprietário" do Passat, 1980. Livre, quis libertar outros. É contador de histórias, ator e produtor teatral. Mas se apresentou à reportagem do DIÁRIO como "promotor de leitura". Desde 1998, atua junto a crianças. Além de incentivar a leitura, também escreve contos, roteiro de histórias em quadrinhos e faz poesias infanto-juvenis.


Em "O Livreiro do Alemão", Otávio conta com lirismo raro a experiência de se descobrir por meio da leitura e se abrir para o universo imenso que os livros trazem à alma. Conta ainda sua experiência como incentivador de leitura em comunidades carentes. Apesar de ser seu trabalho de estreia, o livro deixa denotar o escritor burilado em milhares de textos escritos para si mesmo e o leitor ávido das obras de tantos outros.


Projetos :
Otávio coordena o projeto cultural Ler é 10, nos Complexos da Penha e do Alemão. "Nosso sonho é levar livros para todas as comunidades dos complexos. Usamos a criatividade para fomentar a leitura com grupos escolares e nas casas de moradores com a biblioteca itinerante", explica.

13/06/2011

Livro de "um reais"

Fonte: Blog do Galeno

Por Galeno Amorim
Nunca soube o seu nome. E as chances de voltar a vê-la algum dia e descobrir algo que seja sobre ela são pra lá de remotas. De seu rosto, contudo, jamais me esqueceria. E, tampouco, de seus olhos que, mais do que pedir, imploravam. Mas não por ela. Era pelo filho pequeno, que ainda nem sabia ler e escrever.

Nos últimos anos, falei muitas vezes sobre ela. Fiz discursos e escrevi sobre aquela mulher desconhecida. Anônima para mim. Talvez até hoje invisível ao olhos de tantos, do Estado e da sociedade.

A verdade é que a cena que se deu naquela manhã friorenta de agosto desde então não saiu mais da minha cabeça. Por onde quer que vá, a sensação é a mesma. Parece que ela me persegue, como a querer dizer algo que eu, na minha nada santa indiferença, insisto em não compreender.

O caso é que a mulher esquálida e maltrapilha chegou e estacionou seu carrinho de mão no meio-fio da praça central. Não deu bola para os transeuntes e nem para homens de terno e gravata que falavam e gesticulavam com certo entusiasmo. Alguns tinham vindo de longe, da Capital. Era gente importante, que ali estava para abrir oficialmente aquela Feira Nacional de Livros.

Sem mais aquela, ela enfiou uma das mãos no lugar onde guardava o mísero dinheirinho ganho na véspera graças ao papelão farto recolhido das ruas do Centro. É certo que algo acontecera pois a coleta estava, de fato, rendendo uns bons trocados a mais. A mulher sem nome achou entre as moedas uma nota surrada de R$ 1,00.

Era praticamente tudo o que tinha. De posse da sua pequena fortuna - que daria muito bem para comprar um pão amanhecido e, inteirando, até levar um litro de leite C para casa - ela encaminhou na direção do pequeno grupo de editores e livreiros. Mas não dirigiu a palavra a qualquer um deles em especial.

De sopetão, ela tascou:

- Tem aí livro de um reais, moço?!

E, quase envergonhada, tratou de esclarecer:

- Não é pra mim... É pro meu filho. Ele tá na idade de ir pra escola e eu quero dar um livro pra ele. Pra que ele seja alguém na vida...

Aquela fala pungente calou fundo naqueles senhores do livro no Brasil. Por sua força, diz muito mais do que mil discursos sobre a função social dos livros na sociedade e sua importância transformadora para a gente mais simples do povo.

Mesmo que ainda seja difícil de perceber, há uma maior compreensão sobre o papel da leitura no que se chama de imaginário coletivo. Até especialistas e doutores muitas vezes têm dificuldades para enxergar isso.

Mas, distante das academias, essa percepção tem se manifestado, por toda parte, na fala simples e poderosa da mulher que cata papelão na rua. E no respeito sincero da gente simples com a mãe dessa história que, mesmo analfabeta, consegue intuir que está ali, no livro, não o objeto sagrado. Mas sim, para o filho, uma espécie de chave da porta do céu.

Que, para ela, talvez se apresente na forma de um mundo diferente do seu, que dá um duro danado todo santo dia em troca de muito pouco ou quase nada. E, principalmente, na forma de novas oportunidades. De ter uma vida com alguma dignidade, um emprego com carteira assinada e duas ou três refeições ao fim de mais um dia.

Para a maioria de nós, esse é, por ora, um sonho ainda distante. Mas que passa, necessariamente - e disso, felizmente, sabe-se cada vez mais! - pelos livros e pela leitura.

06/06/2011

Mais de 4 mil livros de ciência de graça

Fonte: Agência Fapesp 06/06/2011

Agência FAPESP – A National Academies Press (NAP), editora das academias nacionais de ciência dos Estados Unidos, anunciou no dia 2 de junho que passou a oferecer seu catálogo completo para ser baixado e lido de graça pela internet.
São mais de 4 mil títulos, que podem ser baixados inteiros ou por capítulos, em arquivos pdf. A NAP publica mais de 200 livros por ano nas mais diversas áreas do conhecimento, com destaque para publicações importantes em política científica e tecnológica.
Os livros podem ser copiados livremente a partir de qualquer computador conectado na internet e mostram o esforço da NAP em democratizar o acesso ao conteúdo produzido pelas academias norte-americanas. As academias, que atuam há mais de 100 anos, são: National Academy of Sciences, National Academy of Engineering, Institute of Medicine e National Research Council.
Os títulos em capa dura continuarão à venda no site da NAP. A opção de ler de graça parte de livros ou títulos inteiros começou a ser oferecida pelo site em 1994. A oferta de todo o catálogo de graça para ser baixado em pdf foi feita primeiro para os países em desenvolvimento.
Entre os títulos que podem ser baixados estão: On Being a Scientist: A Guide to Responsible Conduct in Research, Guide for the Care and Use of Laboratory Animals e Prudent Practices in the Laboratory: Handling and Management of Chemical Hazards.

Mais informações: www.nap.edu

Cinco tecnologias que podem te ajudar a aproveitar melhor seus livros de papel

 Fonte: Giz Modo- Por  Fabio Bracht




Quase sempre que tecnologia e livros são discutidos, a soma dos dois assuntos parece resultar em e-books. Mas não precisa ser assim. As páginas de papel dos livros físicos ainda serão folheadas por muito tempo, a tecnologia pode estar presente na vida de um leitor ávido de várias formas, mesmo que ele não saiba nada sobre Kindles e Nooks e iBookstores da vida. Veja a seguir algumas dessas formas.

Goodreads



Basicamente, se você lê bastante, principalmente se consegue ler obras em inglês, não tem por que não fazer uma conta no Goodreads  agora mesmo. Ele é uma rede social para leitores, onde você pode avaliar os livros que leu, incluir os que está lendo e listar os que ainda pretende ler. Há grupos de discussão e bastante interação entre os usuários nas páginas de cada livro, e é bem fácil começar e manter a sua atividade por lá, já que ele procura amigos entre os seus contatos de email e do Facebook, e depois continua enviando emails com novidades deles e lembretes para que você atualize sua vida literária.

Skoob



O Skoob  (“books” ao contrário, viu que esperto?) é o Goodreads brasileiro. Grande parte das funções do site gringo também existem nele. O visual é mais moderno, mas ao mesmo tempo ele não é tão eficiente quanto o Goodreads em promover interações e discussões entre os usuários – elas ficam mais confinadas aos grupos, que são semelhantes às comunidades do Orkut. Com o pagamento de uma taxa única, de R$ 10, você ganha um Perfil PLUS que permite a troca de livros entre outros membros, colocando as suas velharias para circular.

EstanteVirtual



Uma das maiores vantagens dos e-books é o seu acesso incrivelmente fácil. Com uma loja tão completa quanto a Kindle Store da Amazon, ou um sistema tão acessível quanto a iBookstore, eu mesmo já me vi comprando um livro totalmente no impulso, após ouvir alguém falando bem dele em uma palestra. Com os livros físicos, a coisa já é mais difícil. Basta querer ler alguma coisa mais antiga ou específica que torna-se difícil encontrar o livro até mesmo em livrarias brasileiras enormes e de renome.

Entra aí o EstanteVirtual, um site que em 2005 teve a ótima ideia de agrupar e disponibilizar online o acervo de qualquer sebo que quisesse participar. Como qualquer leitor ávido sabe, em sebos encontra-se de tudo, mas normalmente é preciso bater pernas por alguns até encontrar o que se procura. Na EstanteVirtual eu já consegui, com poucos minutos de cliques, encontrar livros que alguns dos meus amigos já tinham desistido de procurar há muito tempo, e, como você está meramente usando o site como ferramenta para entrar em contato direto com algum sebo perdido pelo país, o preço muitas vezes é bastante convidativo.

Delicious Library



Se você é daqueles que vem lendo há muito tempo e já acumulou uma biblioteca digna de admiração e de ser exibida na melhor estante da casa, um aviso: o Delicious Library pode ser viciante. De modo simplificado, ele é um software de catálogo: usando uma webcam, ele lê os códigos de barras dos seus livros (também funciona com CDs, DVDs, games e outros itens colecionáveis) e vai catalogando-os um a um em uma bonita interface que simula prateleiras.

A brincadeira já seria divertida se parasse por aí, mas vai além. Cada livro catalogado já aparece automaticamente com a sua capa e diversas informações retiradas do sistema da Amazon, como resenhas, ficha técnica, avaliações de outros usuários e recomendações de livros relacionados. Além disso, o Delicious Library também tem recursos para que você catalogue empréstimos dos seus livros e sempre saiba com quem está cada um.

O problema do Delicious Library é que ele é um software exclusivo para Mac. Os usuários de Windows têm opções como MediaMan e AllMyBooks, com recursos bem similares, ainda que não sejam tão bacanas no quesito interface.

BookCrossing



Ao contrário das pessoas que normalmente se interessariam pelo Delicious Library, quero apresentar o BookCrossing aos que gostam de ler, mas não têm interesse em acumular enormes bibliotecas e preferem passar os seus livros adiante. O BookCrossing é uma comunidade mundial de leitores que se organizam em torno de uma ideia muito bacana: “libertar” os seus livros depois de terminar de lê-los.

Para entrar no mundo do BookCrossing, tudo o que você precisa fazer é escolher um livro que queira soltar no mundo, entrar no site, fazer o seu login e registrar o livro. Ele vai ganhar um código único, que deve ser colado com uma etiqueta que você pode imprimir em casa. Feito isso, você simplesmente “esquece” o seu livro em qualquer lugar – em um caixa eletrônico, elevador, praça de alimentação de shopping, onde quiser. Quem encontrar o livro vai ler na etiqueta uma pequena explicação sobre a ideia do BookCrossing, e vai poder entrar no site e digitar o código do livro para dizer que o encontrou. Assim, você também vai poder acompanhar por onde anda o seu livro.

É uma comunidade ativa não só no Brasil, mas no mundo inteiro, e nos fóruns do site você descobre alguns “pontos de libertação” mais comuns no Brasil, para também receber os livros libertados por outros usuários.

02/06/2011

Os livros na era da web

Numa época de textos curtos e fragmentados, cheios de hiperlinks, como fica nossa relação com a leitura?  

Texto Ramon Mello | fotos Beto Hacker - Revista Vida Simples / Junho 2011



Em uma cena, Marylin Monroe, com uma expressão concentrada, retira um livro da prateleira. Em outra fotografia, Vinicius de Moraes posa com uma de suas antologias poéticas. Ambas as imagens fazem parte do blog O Silêncio dos Livros (osilenciodoslivros. blogspot.com), nome emprestado de um dos títulos do crítico francês George Steiner. Apesar de falar de livros, o espaço virtual não traz textos, apenas imagens variadas de pessoas lendo. São ilustrações, cenas de filmes e telas de pintura que fazem pensar na relação entre os leitores e os livros. Os personagens retratados transmitem enorme prazer com o livro; tanto que é como se eles estivessem, na verdade, ajudando a criar as histórias, junto com os autores. "Grande parte das imagens que conhecemos relacionadas com leitura são de um silêncio absoluto. Existe melhor silêncio que aquele que o leitor exige durante a leitura?", diz o português Hugo Miguel Costa, livreiro de profissão e criador do blog. A relação entre quem lê e os livros é uma relação íntima, silenciosa, cheia de carinho. Mas será que essa relação permanecerá a mesma, em uma época em que os computadores estão em toda parte, e as coisas que lemos são cada vez mais fragmentadas?

"Nos tempos que correm somos praticamente todos leitores, mas cada vez menos leitores de livros", afi rma Costa. Lemos o tempo todo: e-mails, reportagens e artigos enviados por email, frases e histórias contadas por amigos nas redes sociais, como Facebook e Twitter. Pulamos de um site a outro, seguindo os assuntos e chamadas que capturam nossa atenção, mesmo que apenas por alguns segundos. Mas será que toda essa atividade faz bem ou mal para nossos hábitos de leitura? A discussão não é gratuita: para um texto ganhar vida, ele precisa da interação com o leitor, e a forma como ele vai interagir com o texto vai alterar sua percepção do conteúdo. Quando lemos, lemos de um determinado lugar e em uma condição histórica. As palavras, sem ninguém para lê-las, não são grande coisa.

Essa forma de encarar a relação entre leitor e autor é nova na história. Na Idade Média, por exemplo, o documento manuscrito era considerado um padrão para o mundo. Não se admitia interpretação nem teorias, que eram produtos da imaginação do leitor. Com o tempo, isso mudou, e hoje a dinâmica da leitura, com a presença do leitor quase como um coautor, é o que dá vida ao texto. Esse diálogo agora se dá com as narrativas fragmentadas, de poucos caracteres, que encontramos na web.

Com a chegada da internet, ainda há pessoas que continuaram lendo da mesma maneira. Não há como fazer um estereótipo do leitor
Algumas pessoas são céticas. A psicanalista Sonia Viana, leitora inveterada de livros de ficção e "dizedora de poesia", não gosta de ler na internet. "Não é tão gostoso quanto ler o objeto livro", afirma. "Por exemplo, acabei de ler o Não Há Silêncio Que Não Termine (Cia. das Letras, 2010), da franco-colombiana Ingrid Betancourt, e não me cansei das 553 páginas." Na opinião de Sonia, a intimidade que existe entre o leitor e o livro é única, e não pode ser reproduzida pelos meios virtuais.

Já para Rosa Gens, professora e doutora do Departamento de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio de Janeiro, não se pode falar mais de leitor, mas em grupos de leitura. "Com a chegada da internet, há pessoas que continuaram lendo da mesma maneira. Não há como fazer um estereótipo de leitor", diz. "Ao ler na internet, cria-se uma nova percepção do que está sendo lido numa tela que rola." Rosa diz não saber responder se essa nova forma de leitura muda a maneira de escrever. "Como professora, tudo que posso dizer é que quem lê escreve muito bem."

A concepção de leitura na sociedade contemporânea é muito diferente da sociedade de duas décadas atrás; ela exige uma atenção múltipla para aprender a lidar com enorme quantidade links e hiperlinks conectados a um texto. Segundo a pesquisadora Maria Lucia Santaella Braga, professora da PUC-SP e autora do livro O Perfil Cognitivo do Leitor Imersivo (Paulus, 2004), hoje existem três tipos de leitor convivendo ao mesmo tempo. Um deles é o leitor contemplativo, da era préindustrial. Outro é o leitor que ela chama de "movente", que lê não só o livro impresso mas também os signos urbanos. E, finalmente, o leitor imersivo, que navega pelas redes de comunicação e tem a atenção necessária para lidar com a enorme quantidade de links e hiperlinks ligados a um texto. São três perfis, três formas de ler, que convivem lado a lado - e sem uma ser melhor que a outra.

Segundo a poeta e professora Suzana Vargas, autora de Leitura, uma Aprendizagem de Prazer (José Olympio, 1997), os livros não devem ser confundidos com a leitura. Ela acredita que os suportes se modifi cam, mas a leitura permanece a mesma. "A minha fé é na leitura e não na forma como ela se dá", diz. "O ato de ler é um ato de entrega. Eu leio um papiro da mesma forma que leio um livro. Eu leio um e-book da mesma forma que leio um livro." Leitora contumaz, Suzana se encantou com o Kindle, o e-reader lançado pela livraria virtual norte-americana Amazon. Para ela, as virtudes da leitura não se perderam com o fato de as letrinhas aparecerem em um suporte virtual. "Se a solidão é uma certeza, o livro é uma companhia eterna - ele tem a capacidade de se transformar a cada leitura", afirma a criadora do programa Rodas de Leitura e do Estação das Letras.

Independentemente do suporte, os brasileiros estão lendo mais. Ao menos segundo a pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", a principal fonte sobre o comportamento leitor no país. O estudo, apresentado em maio de 2010 pelo Instituto Pró-Livro, constatou que 95 milhões de pessoas, ou seja, 55% da população, são leitoras. O número é maior que os 49% da pesquisa anterior, realizada entre 2000 e 2001. A pesquisa apontou também que o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. "A maioria dos brasileiros associa a leitura ao conhecimento, seja aquele que será utilizado na vida, seja aquele ligado a situações específicas, como a escola. A internet pode mudar esse perfil na medida em que enfrentar, como se espera que aconteça, a exclusão digital", afirma o organizador de Retratos da Leitura no Brasil (Imprensa Oficial/SP, 2008), livro que reúne artigos de especialistas que se debruçaram sobre os resultados da pesquisa. "Eu detesto ler em tela de computador - embora leia dois jornais assim -, mas a web pode incentivar, de inúmeras formas, a leitura, não necessariamente se oferecendo como suporte para essa leitura", diz a escritora Adriana Lisboa, tradutora do livro A Arte de Ler (Casa da Palavra, 2009), que ficou fascinada pelas imagens de leitores publicadas no blog O Silêncio dos Livros. Com ou sem a web, o importante é que os novos leitores possam, assim como os personagens retratados no blog, se deleitar ao ler um bom livro - esteja ele impresso em papel ou brilhando na tela de um iPad.


Fonte: Revista Vida Simples - Junho 2011