19/12/2011

A Biblioteca sorteou...

Queridos (as) Leitores(as)

A Biblioteca municipal sorteou hoje um Kit composto por uma bolsa da Livraria Cultura, marcadores de livros e o livro Guia do Mochileiro das Galáxias.


O nome foi escolhido pelo frequentador Israel Augusto que estava presente hoje de manhã e foi sorteado por ele entre papéis com números dos diversos leitores e leitoras da Biblioteca que durante o ano de 2011 estiveram presentes para fazer novos cartões e retirar livros emprestados.


A felizarda que ganhou o presente foi Alice Ambrosim Falqueto de 15 anos, moradora da Vila São Miguel e estudante do Ifes.


Parabéns Alice e Feliz Natal para todos que durante este ano estiveram conosco lendo, se informando e fazendo parte do mundo da leitura.


12/12/2011

Biblioteca Nacional divulga resultado do Prêmio Literário 2011



Cerimônia oficial para entrega do prêmio nas oito categorias será dia 15 de dezembro

Há 17 anos a Fundação Biblioteca Nacional/MinC vem premiando os melhores escritores e trabalhos literários do país. Em 2011, entre os escolhidos uma grata surpresa que a literatura e o destino nos prega de vez em quando: o teólogo pernambucano, Daniel Lima, de 95 anos. Ele guardava seus poemas na gaveta, sem nunca imaginar o valor que eles tinham.  Um dia uma de suas alunas descobriu essas raridades e levou, sem ele saber, para uma avaliação editorial. Resultado dessa “travessura” da aluna? A obra Poemas (Companhia Editora de Pernambuco), que só foi revelada ao seu autor no dia do seu lançamento.


Alberto Mussa, Sérgio Sant’Anna , Charles Kiefer, Marisa Midore Deaecto, Luís Carlos Cabral, Gabriela Castro e Nelson Cruz, são os outros vencedores nas oito categorias do prêmio, que seguem abaixo com  o nome das obras e também os segundos e terceiros colocados em cada uma delas. Os autores recebem seus prêmios no dia 15 de dezembro, quinta-feira, no Auditório Machado de Assis, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, às 19h. Os primeiros lugares ganham um certificado e R$ 12,5 mil.


Os Prêmios Literários da Fundação Biblioteca Nacional, criados com o objetivo de estimular a pesquisa e a criação literária no país, concedem anualmente uma premiação a autores, tradutores, e designers eleitos por uma comissão julgadora composta por três profissionais renomados em cada área de premiação. 


A premiação foi instituída em 1995, com exceção da categoria Literatura Infantil e Juvenil, criada em 2007, por ocasião da comemoração dos quinze anos do Programa Nacional de Incentivo à Leitura, o Proler.



Os vencedores são:


1. Prêmio Alphonsus de Guimaraens / Categoria: Poesia

1° lugar : Daniel Lima, com a obra Poemas (Companhia Editora de Pernambuco)

2º lugar: Marcos Vinicius Quiroga, com a obra Gullar Gullar (Editora Clara Comunicação)

3º lugar : Cláudia Schroeder, com a obra Leia-me toda (Editora Dublinense)


2. Prêmio Machado de Assis / Categoria: Romance

1° lugar : Alberto Mussa, com a obra O senhor do lado esquerdo (Editora Record).

2º lugar : Moacyr Scliar, com a obra Eu vos abraço, milhões (Editora Companhia das Letras)

3º lugar : Rubens Figueiredo,com a obra O passageiro do fim do dia (Editora Companhia das Letras)


3. Prêmio Clarice Lispector / Categoria: Conto

1° lugar : Sérgio Sant’Anna, com a obra O livro de Praga – Narrativas de amor e arte

 (Editora Companhia das Letras)

2º lugar: Alessandro Garcia, com a obra A sordidez das pequenas coisas (Não Editora)

3º lugar: João Anzanello Carrascoza, com a obra A vida naquela hora (Editora Scipione)


4. Prêmio Mário de Andrade / Categoria: Ensaio Literário

1° lugar : Charles Kiefer, com a obra A poética do conto – De Poe a Borges: um passeio pelo gênero (Editora Leya)

2º lugar: Rita Rios, com a obra Poemas e pedras: A relação entre a escultura e a poesia partindo de Rodin e Rilke (Editora da Universidade de São Paulo - Edusp)

3º lugar: Ricardo Souza de Carvalho, com a obra A Espanha de João Cabral e Murilo Mendes (Editora 34)


5. Prêmio Sérgio Buarque de Holanda / Categoria: Ensaio Social

1° lugar: Marisa Midore Deaecto, com a obra O império dos livros: instituições e práticas de leitura na São Paulo oitocentista (Editora da Universidade de São Paulo - Edusp)

2º lugar: RonaldoVainfas, com a obra Jerusalém Colonial – Judeus portugueses no Brasil Holandês (Editora Civilização Brasileira)

3º lugar: Vera Lúcia Bogéa Borges com a obra A batalha eleitoral de 1910 – Imprensa e cultura política na Primeira República (Editora Apicuri/Faperj)


6. Prêmio Paulo Rónai / Categoria: Tradução

1° lugar: Luís Carlos Cabral,com a obra Malá Strana: vestígios de Praga, de Jan Neruda(Editora Record)

2º lugar:André Vallias com a obra Heyne, hein? Poeta dos contrários, antologia poética de Heinrich Heine(Editora Perspectiva)

3º lugar:Sergio Tellaroli com a obra Jakob von Gunten – Um diário, de Robert Walser (Editora Companhia das Letras)


7. Prêmio Aloísio Magalhães / Categoria: Projeto Gráfico

1° lugar: Gabriela Castro,com a obra Apreensões, de Bob Wolfenson(Editora Cosac Naify)

2º lugar: Elaine Ramos,com a obra Museu do romance da eterna, de Macedonio Fernández(Editora Cosac Naify)

3º lugar: Jonathan Shiguehara Yamakami, com a obra Eu vi um pavão, autoria desconhecida(Editora Scipione)


8. Prêmio Glória Pondé / Categoria: Literatura Infantil e Juvenil

1° lugar : Nelson Cruz, com a obra Alice no telhado (Editora Comboio de Corda)

2º lugar: Manu Maltez, com a obra Meu tio lobisomem (Editora Peirópolis)

3º lugar: Luís Dill, com a obra O estalo (Editora Positivo)

05/12/2011

Doações de livros usados para bibliotecas

A doação de livros para uma biblioteca envolve uma questão bastante delicada, pois da mesma forma que ajuda e colabora com o desenvolvimento do acervo, em algumas situações ela gera certo mal estar para os doadores e para a Biblioteca que recebe a doação... 

É que na verdade, sem querer e com a maior das boas intenções, podemos estar criando um problema de difícil solução...


Normalmente quando chega o fim do ano, é comum fazermos uma arrumação geral em casa, uma “faxina” para retirarmos do nosso convívio objetos que não utilizamos mais e que estão ocupando um espaço que poderia ser utilizado com outras finalidades.

É aí que mora o perigo para a Biblioteca!

Muitas pessoas enxergam o livro seja qual for como um item sagrado e que não deve ser em hipótese alguma jogado fora, porém a realidade dele pode ser bem diferente. Existem livros raros, edições limitadas e especiais que realmente o conhecimento técnico indica para a realização um trabalho adequado de preservação para manter, em condições adequadas, este livro especial no acervo.

O problema é que muitas pessoas confundem o que é “raro e precioso” com livros que na verdade deveriam obrigatoriamente ser descartados por estarem sem condições de uso (sujos, rasgados, riscados e sem capa), desatualizados, infestados com mofo, insetos, neste último caso então, muito perigoso para uma biblioteca porque traças e livros, definitivamente não combinam! 

As bibliotecas normalmente nesta época do ano recebem muitos livros bons como doação, mas tambem recebem caixas e caixas de livros em péssimo estado de conservação, com tudo enquanto é tipo de inseto e sujeira, lagartixas, baratas, traças, cupins, enfim... Uma tristeza, pois nem sempre conseguimos fazer uma triagem no momento em que eles chegam e é preciso de guardá-los dentro da biblioteca e se por acaso houver insetos nas caixas, será muito difícil conter uma possível infestação...

Outra questão que gera conflito é com relação à relevância do material doado. Pode acontecer de serem livros já muito desatualizados, com conteúdo não interessante para os leitores e não restará nada a não ser descartar o livro.

Só que muitas pessoas não entendem isso e ficam chateadas, pois acham que é má vontade dos funcionários em aceitar, ou se retornam a biblioteca e não encontram sua doação na estante ficam contrariados, reclamam...

Há casos em que os livros vão para o lixo, chamam repórteres, denunciam o "descarte" de livros quando na verdade são livros realmente sem condições de uso. É preciso ter conhecimento mais técnico para entender como é feita a política de descarte de uma biblioteca. 


Então, fica aqui esta observação e pedido especial de: bom senso. As doações serão sempre bem-vindas e importantes, mas precisamos analisar antes de doar e verificarmos se o que levaremos para a biblioteca está em condições de uso, terá importância e oferecerá qualidade para o acervo e relevância para os leitores. E se resolver doar realmente, entender que o profissional que atua na biblioteca é o que melhor saberá avaliar esta doação e dar aos livros o destino correto.

Não se trata de uma questão de má vontade e sim de coerência e bom senso.

22/11/2011

O borracheiro dos livros


por Galeno Amorim - 21/09/2011

Onde já se viu misturar livros com pneus?! E com graxa, ainda por cima?!? Isso vai dar certo não... Escolado na vida, Seu Joaquim, do alto dos seus 40 anos na profissão, deu o veredicto: não havia a menor chance de aquilo dar certo. 

Era como água e vinho... Seu Joaquim borracheiro só não contava com a teimosia do filho, cabeça dura como o pai. Coração mole como é, acabou fazendo vistas grossas. Quando viu, lá estava ela: era uma estante modesta, com seus setenta e pouco exemplares hermeticamente enfileirados (até parecia que o menino levava mais jeito para trabalhar em biblioteca, não na borracharia, ele pensou).

Mas daí a pouco já eram 600 livros. Com o tempo, chegaram a 3 mil. Hoje em dia, passam, seguramente, de 10 mil obras, dos mais variados gêneros.

A Borrachalioteca de Sabará, uma inusitada experiência na cidade histórica no entorno de Belo Horizonte, começou assim. Tudo muito simples. De forma bem natural. Tal qual, afinal, seu criador, Marcos Túlio, o filho turrão do seu Joaquim Damascena.

Quando tomou a decisão de dar uma mão para o velho pai no pequeno negócio da família, montado num pequeno salão alugado na periferia de Sabará, Marcos só não abriu mão de levar junto seus livros. Nas horas de folga, ele aproveitava para ler. Lia de tudo. E achou que devia compartilhar aquela experiência que tão bem fazia a ele com a vizinhança.

Quem primeiro aderiu foi a meninada da redondeza, mais interessada na sua coleção de gibis. Em seguida, apareceram uns marmanjos. Logo aquela invencionice já era sucesso de público e crítica. A freguesia, a princípio, se espantou. Como assim?! Livros em plena oficina, rodeados por pneus, borrachas e ferramentas?!?

Mas a clientela logo se acostumou. E aprovou! Tanto que muitos acabam aproveitando o tempo de espera, enquanto aguardam que o pneu furado seja devidamente remendado, para... ler um pouco. Isso! Para muitos daqueles clientes apressados e estressados, essa é uma das raras vezes que fazem isso no seu dia a dia: ler um livro!

Mas a maluquice do Marcos também começou a modificar a vida do lugar. A vizinhança da Praça Paula de Souza Lima, em Caieira, bairro que beira o Rio das Velhas, ficou mais sabida. A meninada anda falando com indisfarçável intimidade sobre Thiago de Mello, Drummond e outras figuras ilustres que, até então, não passavam de simples desconhecidos por aquelas paragens.

E vida por ali vai, aos poucos, tomando outros rumos. Foi assim com o próprio Marcos, que ganhou uma bolsa de estudo e foi fazer faculdade. De Letras, é claro: embora não pense em deixar a borracharia do pai, agora quer dar aulas e espalhar por aí, para pessoas que, como ele, vivem nas periferias das cidades brasileiras, essas coisas dos livros, seus autores e suas histórias.

A coisa vem dando tão certo que Marcos Túlio Damascena resolveu abrir ali o Instituto Cultural Aníbal Machado, uma ONG da leitura que já abriu sucursais em outros pontos da vida e no presídio local.

Por que ele faz isso?!

O borracheiro dos livros tem a resposta na ponta da língua:
- Além de dar prazer, a leitura ainda por cima instrui as pessoas... Todo mundo tem que ler!


07/11/2011

Exposição na Biblioteca Pública do ES apresenta coleções dos anos 30


Público terá acesso a coleções literárias dos anos 1930 a 1960.
Mostra tem curadoria do escritor Reinaldo Santos Neves, entrada gratuita.


Entre as coleções, destacam-se a 'Coleção Nobel',
da Editora Globo (Foto: Divulgação/ASSCOM Secult)


Durante o mês de novembro, estará em cartaz na Biblioteca Pública do Espírito Santo Levy Cúrcio da Rocha (BPES) a exposição “Uma página da história da leitura do Brasil: grandes coleções dos anos 1930-1960”. A mostra tem curadoria do escritor Reinaldo Santos Neves e estará aberta ao público até 30 de novembro. A entrada é gratuita.

A mostra propicia uma viagem nostálgica ao universo das grandes coleções literárias dos anos 1930-1960 no Brasil, e focaliza algumas coleções que se tornaram célebres por trazer aos leitores brasileiros uma literatura dita de escapismo, composta por romances policiais e de aventura; e uma literatura dita “séria”, composta por grandes títulos da literatura brasileira e estrangeira.

A “Coleção Amarela”, da Editora Globo de Porto Alegre, e a “Coleção Paratodos”, da Companhia Editora Nacional de São Paulo, foram pioneiras na publicação no Brasil de romances policiais de grandes autores do gênero. Enquanto isso, a “Coleção Terramarear”, da mesma Companhia Editora Nacional, e a “Coleção Os Audazes”, da Editora Vecchi do Rio, se concentravam em romances clássicos de aventura para jovens. 

Essas edições foram leitura obrigatória de várias gerações até os anos 1950, desaparecendo com o advento da televisão e a mudança dos costumes.

Entre as coleções de literatura “séria”, destacam-se a “Coleção Nobel”, da Editora Globo, iniciada na década de 1940, que durante cerca de 20 anos apresentou aos leitores brasileiros o melhor da literatura estrangeira clássica e moderna, inclusive uma primeira tradução completa de “Em busca do tempo perdido”, de Marcel Proust; e a “Coleção Vera Cruz”, responsável pelo lançamento de mais de 100 títulos de autores brasileiros de ficção atuando ou estreando nos anos 1960.

Além disso, a exposição traz de volta todo o visual gráfico inerente às edições do período, que atraíam os leitores ou por meio de capas berrantes, no caso dos romances policiais e de aventuras; ou artísticas, no caso dos romances literários que integravam as "Coleções Nobel" e "Vera Cruz".

Programação cultural
 
Agregados à exposição, acontecem ainda diversos eventos culturais na BPES durante o mês. No dia 09 de novembro, às 19 horas, o escritor e professor João Baptista Herkenhoff realizará um debate-papo com o tema “um dedo de prosa entre o escritor, o crítico literário e o público leitor”. Já no dia 10, às 18 horas, será lançado o livro “Indústria: a modernização do Espírito Santo”, de Gabriel Bittencourt e da Revista AEL, número especial dos 90 anos.

Dando continuidade às atividades, entre 21 e 25 de novembro, será realizado o seminário “Espírito Santo um painel da nossa história – II”, onde diferentes temas serão discutidos por meio de inúmeras palestras. Vitor Buaiz, Fernando Pignaton, José Eugênio Vieira, Francisco Aurélio Ribeiro, Regina Hees, Namy Chequer, Sebastião Ribeiro Filho, Roberto Garcia Simões, são alguns dos palestrantes confirmados.

No dia 29 de novembro, às 17 horas, a Biblioteca recebe a escritora Maria do Carmo Schneider, como mediadora na roda de leitura do seu próprio livro “Victor Hugo, o paladino dos direitos fundamentais”. Para encerrar a programação do mês, no dia 30, às 19 horas, acontece o lançamento oficial do site “Estação Capixaba”, com apresentação e participação de convidados.


Serviço
Exposição “Uma página da história da leitura do Brasil: grandes coleções dos anos 1930-1960”
Local: Biblioteca Pública do Espírito Santo
Endereço: Av. João Batista Parra, 165, Praia do Suá - Vitória
Período de exposição: até o dia 30 de novembro
Horários de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 19 horas

Informações:             
(27) 3137 9349
sebp@secult.es.gov.br

04/11/2011

Copistas: heróis silenciosos da história dos livros


Por Alejandro Rubio

Meu interesse juvenil, pela historia e a literatura antiga, trouxe uma pergunta marcante: “Como toda esta informação chegou até nós, se Gutenberg inventou a imprensa em 1439?”

Milhares de anos atrás, antes de o livro ter o formato que conhecemos hoje, ele era manuscrito. Era copiado manualmente nos mais diversos materiais: couro, pele, pergaminho, papiros até chegarmos ao papel. O copista era um encarregado que copiava o texto à mão nestas superfícies. Uma profissão muito digna e necessária em tempos em que não havia tecnologia.

Rolos

Tudo começou com a necessidade de registrar os atos, as memórias e a contabilidade dos reis, príncipes e senhores. Em formato de rolos, os manuscritos durante milênios mantiveram a memória cultural da humanidade; beberam em suas fontes os poucos ideólogos, filósofos, juristas, poetas, historiadores e profetas que a época permitia, pois a leitura era uma habilidade muito rara. Poucos sabiam ler, ou tinham oportunidade e condições de se dedicar a isso.

As bibliotecas não tinham o aspecto de hoje. Mais pareciam depósitos de papel, nos quais raramente alguém mexia. Eram locais restritos, já que naquela época já havia o conceito de preservar o patrimônio cultural e deixar testemunhos à posteridade. 

O alto custo do material tornava os manuscritos muito raros e exigia ambientes com temperaturas baixas e certa segurança. Muitas vezes eram guardados em cavernas frias, em ânforas que ajudavam na preservação. Reis, sábios e religiosos cuidaram com muito ciúme deste verdadeiro tesouro; algumas das poucas e maravilhosas obras que chegaram até nós existiam somente num único exemplar, o que gerava a cobiça dos poderosos ou a fúria dos saqueadores. 

Quem chegava se sentia no direito de destruir tudo para apagar rastros da civilização que antes ali existia.

Livros eram tesouros

Com o tempo, e num mundo submerso em guerras permanentes, os livros deviam ser armazenados em lugares vigiados, tais como palácios, quartéis, conventos e bibliotecas. 

A mais famosa foi a de Alexandria, que durante mais de 500 anos chegou a ter um acervo de quase um milhão de rolos de papiro, com as mais importantes obras sobre medicina, idiomas, literatura, matemática, física e astronomia; nela se reuniam os curiosos e sábios da época; em 391 d.C. foi destruída totalmente, e com ela sumiram obras das quais nunca mais tivemos conhecimento.

Eram nesses depósitos de papel, chamados bibliotecas, que se reuniam os sábios para discutir e aprender. Nesses encontros, eles estudavam todo o material reunido e faziam um apanhado geral da obra; um exemplo disso foi a famosa reunião de 72 sábios judeus que traduziram as sagradas escrituras judaicas para o grego, dando como resultado a “Septuaginta”.

Alguns particulares escreviam sua própria obra e a guardavam zelosamente; após sua morte a obra era encomendada a algum poderoso que a mantinha em ordem e a defendia de ataques; Aristóteles, por exemplo, teve seus escritos guardados por seus discípulos durante 200 anos, até que Sila, levou o pouco que sobrou para Roma, e mandou fazer cópias em 70 d.C. Se estima que graças a este ato, 10% da obra do filósofo chegou até nós.

O copista

Já era evidente que o conhecimento organizado gerava cultura e esta era necessária para o bem estar das pessoas e países. Como era muito difícil ter mais que uma cópia de uma obra, os poderosos pediam para viajantes que trouxessem obras novas para enriquecer seus acervos e tirar proveito dessa informação toda. Assim, nasceu a figura do copista, que a sombra de sábios, reis e conventuais, aprendeu a difícil arte da leitura, para depois conhecer as ainda mais difíceis técnicas da escrita. Muitos deles eram funcionários, escravos, frades, noviços, monges.

copista2 Copistas: heróis silenciosos da história dos livros bibliotecas
O copista trabalhando

Cassidoro (490-581 d.C.) criou um mosteiro na Calábria, instalou um “scriptoria” e decidiu nele copiar as grandes obras latinas. 

No livro “As instituições”, faz elogios aos copistas: “Ao reler as escrituras, eles enriquecem sua inteligência, multiplicam os preceitos do Senhor, por meio das suas transcrições. Feliz aplicação, estudo digno de louvor: pregar pelo trabalho das mãos, abrir e dar seus dedos às línguas, levar silenciosamente a vida eterna aos homens, combater as sugestões do diabo pela pena e pela tinta…” Ao morrer, seu acervo foi transferido para Latrão, sede do bispado de Roma, e daí muitos dos seus livros “copiados” se espalharam pela Europa.

Foi também no “scriptoria” que a escritura foi evoluindo, no século VII, Carlos Magno dá diretivas para padronizar a escrita em tamanho pequeno, bem legível e regular, o que deu origem ao nome da escrita “Carolina”, e que foi escolhida pelos primeiros impressores do século XV, e ainda a encontramos na escrita atual.

A cópia de obras literárias, religiosas ou profanas teve muita importância, já que os artistas – ou artífices – do mosteiro que exerciam a caligrafia podiam vender o fruto de seu trabalho, dando ao mosteiro recursos para o sustento dos irmãos e para a caridade com os pobres e os hóspedes. A transcrição dos manuscritos poderia também assumir um caráter de “penitência”, cumprindo um objetivo ascético, posto que impunha ao copista um verdadeiro “tormento”, como afirma um monge do século IX, Arduíno de Saint-Wandrille: “Quem desconhece a labor de escrever, nunca poderá conhecer o tormento do trabalho”.

As iluminuras

No intuito de aperfeiçoar e enriquecer as obras literárias surgiram as “iluminuras”, que são magníficas ilustrações feitas a mão. As primeiras obras do gênero são da Irlanda e datam do século VII. O artista pintava exagerando no capricho e nos detalhes, usando cores fortes e ornamentos em ouro e prata, e estas eram usadas para ilustrarem as capas, os capítulos e até os parágrafos. Maravilhosas obras de arte chegaram até nós através de livros que as continham. Esta é uma das primeiras formas de arte presente nos livros, visto que as gravuras eram usadas como obra de arte independente.

iluminuras Copistas: heróis silenciosos da história dos livros bibliotecasExemplo de iluminura


O genial invento de Gutemberg foi apagando as luzes destes extraordinários artistas, o que não tirou o hábito da escrita e da cópia; até metade do século XX, era muito difundida a ideia de que uma obra para ser compreendida deveria ser copiada a mão por inteiro. 

Devemos concordar que isto é uma absoluta verdade pedagógica, mas hoje com a necessidade de produção em massa, e a inclusão e mídia digital, perdeu a utilidade. Em 1973 visitei um sebo em Milão, onde era grande e maravilhosa a oferta de manuscritos, iluminuras e livros copiados, até hoje oferecidos a venda em diversos portais de sebos, a preços astronômicos.

21/10/2011

O pão da alma...

Por Sandra Küster

Meu pai tem 65 anos...

Na sua dura infância, quase não frequentou a escola, só aprendeu a ler e a escrever. Isto, porém não fez dele um homem de pedra pelo contrário, ele é etéreo e tudo que sou é graças à ele e toda sua sabedoria, conquistada lendo por conta própria um universo de livros que eu formada, não sei se um dia conseguirei ler...

Eu estava no primeiro ano do "primário" quando um dia ele resolveu construir uma escrivaninha embaixo de uma grande árvore que havia no quintal de casa, me disse assim: é para você estudar...

Quantas tardes eu passei ali naquele agradável recanto de luz e sombra amena. Nas leituras difíceis eu ia sorvendo minhas primeiras vitórias.

Quanto amor brotou deste simples gesto, quantos laços e nós indissolúveis se fizeram nestes momentos em que junto dos livros, aprendíamos também que a vida poderia ser boa e diferente sim, porque os livros lidos com certeza iam tornando-a mais feliz, mais leve e mais completa.

Acho que na verdade ele só queria agradar e tudo que fez por nós toda sua vida, fez por amor. Mas no fundo quem ganhou mais fui eu. Ganhei cada dia mais paixão e amor pelos livros e hoje esta paixão se tornou também minha profissão, sou bibliotecária.

Tenho boas recordações da minha infância simples e feliz em São Paulo, cresci vendo meu pai com livros nas mãos e assim, silenciosamente ele foi me ajudando a traçar meu caminho. Me ensinou que cuidando da vida, mesmo que seja com um gesto simples, um livro lido, o futuro pode ser muito diferente, muito melhor...

Ele cuidou de mim e hoje com meu trabalho, posso cuidar de outras crianças também. A leitura é assim mesmo.. Silenciosa, solitária, mas quanto nos diz, quanto nos ilumina, quanto nos alimenta.

Obrigada pai, pelo pão que também nunca faltou para minha alma.

19/10/2011

Conheça 15 livros censurados no mundo


Por luana blogou

 






- “Independência ou morte”! Assim bradava o príncipe-regente D. Pedro I (do Brasil), às margens do rio Ipiranga, no dia 07 de setembro de 1822. Mas apesar da independência do Brasil ter sido declarada há quase dois séculos atrás, nem sempre ela assegurou a liberdade de expressão. Em alguns momentos políticos a censura entrou em cena no país atingido, entre outras formas de expressão, a literatura.
Em todo o mundo, por décadas, eram os papas e religiosos que determinavam o que devia ou não ser lido pela sociedade. O Index Librorum Prohibitorum era uma lista de livros proibidos que tinha como objetivo maior impedir o avanço do protestantismo. Anos depois, com a ditadura militar instaurada em muitos países, os jornais e mais uma vez os livros sofrerem com a censura.  

Algumas obras foram contestadas por suas temáticas, outras sofreram censura justificada por argumentos pra lá de frágeis. No Brasil, por exemplo, a obra O Vermelho e o Negro, de Stendhal, foi proibida por conter a palavra “vermelho”, considerada pela ditadura militar um incentivo à subversão. 
Recentemente, foi a vez do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, ser retirado das escolas depois de acusado pelo Conselho Nacional de Educação de conter passagens racistas. Mas nem sempre a censura vem do governo.

Nos Estado Unidos, por exemplo, são tantos os livros que sofrem pressão dos mais diversos grupos para sua retirada do mercado literário que a American Library Association (Ala) divulga, anualmente, o nome das 100 obras mais contestadas no país. A lista é montada através de relatórios de escolas, bibliotecas e da imprensa norte-americana.

Abaixo você confere a lista que montamos com 15 títulos de livros frequentemente censurados no mundo.  Os principais motivos para a censura são: violência, linguagem ofensiva, sexualidade explícita, ponto de vista religioso ou político e inadequação com a faixa etária.

Lista de 15 livros censurados no mundo:

Crepúsculo, de Stephenie Meyer
O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger
A Cor Púrpura, de Alice Walker
O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini
Harry Potter (série), de J.K. Rowling
A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
Carrie: a Estranha, de Stephen King
As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain
Os Pilares da Terra, de Ken Follett
A Idade da Razão, de Jean-Paul Sartre
1984, de George Orwell
Ulisses, de James Joyce
Hamlet, de William Shakespeare
Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley